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5) Babatunde Olatunji ou Michael Babatunde Olatunji (7/4/1927 - 6/4/2003)
Baterista nigeriano, educador e ativista social. Nascido em Lagos, na Nigéria, e pertencente a nação Yoruba. Em 1950 ganha uma bolsa e vai estudar na Morehouse College, em Atlanta, Geórgia. Em seguida foi cursar administração pública na Universidade de Nova York.
Ao ingressar na Morehouse encontrou diversos afrodescendentes, mas que não se identificavam como tal. “Eles nos diziam: "não, não somos da África". Eu dizia a eles: "você parece exatamente meu primo", e eles respondiam: "de jeito nenhum!". Hollywood tinha forjado um imaginário sob o continente africano, a partir de Tarzan, com sua caricaturas aventuras em um ambiente completamente selvagem.
Na tentativa de reverter essa visão deturpada da cultura e civilização africana, Babatunde começou a fazer palestras em escolas, resgatando e valorizando a herança africana, com apresentações de músicas e danças.
Seu primeiro disco (Drums of Passion) foi gravado em 1957, a convite da Columbia Records. Seu sucesso influenciou vários músicos da época, mas foi com John Coltrane que manteve grande relação. Juntos, fundaram o Centro Olatunji para a Cultura Africana, no bairro de Harlem, em Nova York.
Suas apresentações eram precedidas de discursos apaixonados pela justiça social, o que o aproximou de Martin Luther King Jr - tendo se juntado a ele na marcha em Washington.
4) Miriam Makeba
(4/3/1932 - 10/11/2008)
Cantora sul-africana e grande ativista dos direitos humanos, sendo ainda uma das grandes lutadoras contra o regime de Aparheid, na sua terra natal.
Makeba começou sua carreira nos anos de 1950, interpretando blues americanos. Em 1960 Makeba conhece Harry Belafonte (músico e ativista político norte-americano), com quem estabelece parcerias afetivas e artísticas. Em 1966, os dois ganharam o Prêmio Grammy na categoria de música folk, pelo disco An Evening with Belafonte/Makeba.
Após um discurso veemente, perante o Comitê das Nações Unidas, onde denunciava as condições dos negros na África do Sul, seus discos foram banidos do país e sua nacionalidade foi cassada pelo governo racista.
O casamento de Makeba com o porta voz dos Panteras Negras (Stokely Carmichael) a fez perder contratos com gravadoras e shows, tornando sua permanência nos Estado Unidos inviável. Desta forma, Makeba e Stokely Carmichael foram para Guiné, onde Makeba se tornou delegada do país junto a ONU.
Na cerimônia de independência de Moçambique, em 1975, Makeba lançou a música “A Luta Continua” (lemas de vários movimentos de independência no continente africano).
Com o fim do Apartheid, Miriam Makeba regressa a África do Sul, a pedido de Nelson Mandela, que a recebe pessoalmente em sua chegada.
Em 9 de novembro de 2008, se apresentou num concerto a favor de Roberto Saviano (escritor italiano e autor do livro Gamorra, que denuncia as ações da máfia italiana), quando sofreu um ataque cardíaco e veio a falecer no dia seguinte.
3) Cesária Évora (27/08/1941 - 17/12/2011)
Nascida em Cabo Verde, era também conhecida como a “Diva dos pés descalços”, pois assim se apresentava numa homenagem aos pobres, aos quais dedicou muitas de suas músicas.
Começou a cantar desde muito cedo pelas praças do bairro de Lombo. Aos 16 anos se apresentava com músicos locais em bares e hotéis de Cabo Verde. Em pouco tempo seu talento encantou os cidadãos locais, o que lhe rendeu o apelido de “Rainha da Morna” (morna é um gênero musical e de dança de Cabo Verde).
Em 1975, ano da independência de Cabo Verde, o país viveu uma grave crise econômica e política e Cesária teve que parar de cantar para sustentar sua família - período esse que durou 10 anos - , o que a levou a ter que lutar contra o alcoolismo.
Em 1985, por iniciativa da Organização das Mulheres Cabo-Verdianas, cantou em Lisboa. A partir daí algumas portas se abriram e em 1988 lançou seu primeiro álbum “La Diva aux pieds nus” (A diva de pés descalços). Mas é em 1992, com o álbum “Miss Perfumado”, com a fantástica música Sodade, que Cesária deixa o mundo em êxtase.
Devido a diversos problemas de saúde, Cesária encerra a carreira em setembro de 2011: "Não tenho forças, não tenho energia. Gostaria que dissessem aos meus admiradores: sinto muito, mas agora preciso descansar. Lamento infinitamente ter que me ausentar devido à doença, gostaria de dar ainda mais prazer aos que me seguiram durante tanto tempo", diz ao jornal francês Le Monde.
Em 17 de dezembro do mesmo ano Cesária veio a falecer, deixando o mundo com menos cores.
2) Nina Simone (21/02/1933 - 21/04/2003)
Foi uma pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Seu nome de batismo é Eunice Kathleen Waymon. Mas adotou o Nina Simone aos 20 anos para cantar em bares de Nova York, Filadélfia e Atlantic City.
Nina navegou por diversos estilos, do gospel ao soul, além de compor algumas canções. Ela foi a primeira artista negra a ingressar na Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque.
A cantora, a mulher, a negra Nina Simone tinha plena consciência de sua condição social. Em seu primeiro recital, aos 11 anos de idade, solicitou que seus pais fossem deslocados das últimas fileiras da platéia para perto do palco, já que não tocaria sem vê-los, o que contrariava os costumes racistas da época, em que aos negros eram destinados somente os últimos assentos.
Suas canções conseguiam expressar através de seu piano, de forma bela e visceral, todas as dores que sentia pela violência familiar a que foi submetida e ao racismo que sempre sofreu. E suas potentes canções transparecem todo e engajamento social de Nina, como em Four Women que conta a vida de diferentes mulheres, com diferentes histórias de vida - algumas mais sofridas do que outras -, de diferentes raças, mas que não tiveram voz, não sem Nina.
Nina faleceu em 21 de abril de 2003, na França. Em seu funeral compareceram as cantoras Miriam Makeba e Patti LaBelle, a poeta Sonia Sanchez, o ator Ossie Davis e centenas de outras celebridades. As cinzas de Simone foram espalhadas em vários países africanos.
1) Clementina de Jesus (07/02/1901 - 19/07/1987)
Nascida em Valença-RJ, aos oito anos de idade mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro, onde foi residir no bairro de Oswaldo Cruz. Acompanhou de perto o surgimento da Portela e passou a frequentar as rodas de samba da região.
Em 1940 foi morar na Mangueira e trabalhou por mais de 20 anos como doméstica, até ser descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho, em 1963. Clementina apresentou-se nas principais capitais do país com o show Rosa de Ouro, que virou disco pela Odeon.
Clementina gravou diversos gêneros - samba, jongo, cantos de trabalho etc... de grande importância para o resgate e valorização da cultura afro-brasileira. A Rainha do partido-alto foi homenageada por diversos bambas do samba: Clara Nunes, Elton Medeiros e Candeia foram alguns. Clementina, com seu timbre inconfundível, fez parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha, João da Baiana, João Bosco, Alceu Valença e Milton Nascimento.
Católica, Clementina cantava romarias e participava ativamente dos festejos das igrejas de São Jorge e da igreja da Penha. Mas o peso ancestral de sua voz evoca uma África diluída em nossa cultura. Com os cânticos que aprendeu com sua mãe, filha de escravos, Clementina traz na oralidade o elo perdido entre a cultura negra brasileira e a África Mãe.
Sua carreira começou tardiamente e, infelizmente, foi bem curta. Mas sem dúvida Clementina é uma das mais importantes artistas brasileira. Ela veio a falecer em 19 de julho de 1987.
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